ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: 056

Investigação


056

Triagem auditiva em escolares por meio de teleaudiometria

Autores:
BOTASSO, M.1, SANCHES, S.G.G.1, NEVES-LOBO, I.F.1, SAMELLI, A.G.1
1 FMUSP - Universidade de São Paulo

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: Dados epidemiológicos sobre prevalência de perdas auditivas em países em desenvolvimento são insuficientes para o planejamento e execução de programas efetivos, visando à intervenção, prevenção e promoção em saúde. Estudos indicam que 80% das crianças em idade escolar sofrem pelo menos uma perda auditiva temporária durante o ano letivo, podendo acarretar em problemas relacionados à linguagem oral e/ou escrita. Além disso, ações de saúde na atenção básica não dão conta de atender à demanda existente, e um dos motivos é o fato de haver um número pequeno de profissionais da saúde que cuidam da audição. Neste contexto, faz-se necessária a adoção de técnicas ou procedimentos acessíveis às áreas carentes do país, que não contam com recursos financeiros ou recursos humanos que possibilitem a identificação precoce de grupos de risco para alterações auditivas. Com o avanço tecnológico, métodos de triagem auditiva à distância são possíveis, inclusive como facilitadores em áreas onde não há especialistas. Sendo assim, a criação e validação de protocolos de teleaudiologia são fundamentais para serem utilizados dentro de programas de saúde. Objetivo: comparar a teleaudiometria e audiometria por varredura como métodos de triagem auditiva em escolares, avaliando a sensibilidade, especificidade, valores preditivos e acurácia. Método: Participaram do estudo 235 escolares (seis a 15 anos, média 8,3 anos), sendo 116 meninos e 119 meninas. Foram realizados: triagem por teleaudiometria (por meio de computador com fones TDH39 utilizando software que avalia a audição automaticamente nas frequências de 1000, 2000 e 4000Hz a 20 dBNA e transmite o banco de dados para uma central de gerenciamento); triagem por varredura audiométrica a 20 dBNA em cabina acústica nas frequências de 1000, 2000 e 4000Hz; e audiometria tonal em cabina acústica (padrão ouro) com pesquisa de limiar audiológico nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000Hz. Foram considerados limiares tonais normais valores ≤15 dBNA. Resultados: Pelo método de triagem por varredura foi possível detectar 30 crianças que falharam num total de 65 que apresentaram alteração auditiva na audiometria tonal. Das 170 crianças que não apresentaram alteração auditiva na audiometria tonal, 169 passaram neste método de triagem. Assim, os valores de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) foram respectivamente, 46,2%, 99,4%, 96,8%, 82,8%. Pelo método de teleaudiometria, detectou-se 33 crianças que falharam dentre as 65 que apresentaram alteração no teste definido como padrão ouro, representando os verdadeiros positivos. Das 170 crianças sem alteração na audiometria convencional, 155 passaram por meio deste método. Desta forma, os valores foram: sensibilidade – 50,8%, especificidade – 91,2%, VPP – 68,8% e VPN – 82,9%. A acurácia da varredura foi de 84,7% e 80% para a teleaudiometria. Conclusão: Apesar dos baixos valores de sensibilidade dos dois métodos de triagem, ambos mostraram-se válidos para detecção inicial da perda auditiva. A teleaudiometria pode ser considerada uma ferramenta útil em telessaúde, em virtude dos valores diagnósticos obtidos serem muito semelhantes aos obtidos por meio da triagem por varredura, que é um método que exige a presença de um fonoaudiólogo, de audiômetro e cabina acústica.

Palavras-chave:
 Triagem auditiva, Escolares, Teleaudiometria